quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Que relação existe entre Terapia da Fala e Ortodontia? Qual a importância de um trabalho conjunto entre estas duas Especialidades?


O principal objetivo do trabalho entre Terapeutas da Fala e Ortodontistas é a resolução de problemas do Sistema Estomatognático, o qual engloba um conjunto de estruturas orais que desenvolvem funções comuns, tendo a constante participação da mandíbula (Douglas, 2004). Este Sistema mostra-nos claramente a necessidade de um trabalho conjunto entre estes dois técnicos, dado que fazem parte dele dois grupos de estruturas: as estáticas/ passivas (dentes, maxila, mandíbula e ossos cranianos) e as dinâmicas/ ativas (músculos mastigatórios, supra e infra-hioideus, cervicais, faciais e linguais) que equilibradas e controladas serão responsáveis pelo funcionamento harmonioso da Face (Marchesan, 2005). As estruturas passivas serão responsáveis pela forma e as estruturas ativas serão responsáveis pela função, sendo que existe uma relação constante entre forma e função. Para relacionar a forma e a função é necessário existir um conhecimento prévio do crescimento, desenvolvimento e relação entre as estruturas do Sistema Estomatognático; da relação entre as diferentes estruturas e funções; e, relacionar as caraterísticas craniofaciais (oclusão, tipo de face) com o padrão muscular.



As Funções do Sistema Estomatognático são comportamentos realizados a partir das estruturas que compõem este sistema. Assim, uma alteração nestas estruturas pode conduzir a alterações ao nível da Deglutição, Respiração, Mastigação, Fala e Sucção (Marchesan, 2005). Por exemplo: os hábitos orais deletéricos/ nocivos (ex.: sucção digital/ labial/ lingual; uso prolongado de chupeta e/ou biberão; onicofagia; alimentação pastosa prolongada; bruxismo; briquismo) poderão influenciar negativamente o desenvolvimento da face, a forma das arcadas dentárias e conduzir, igualmente, a alterações na Fala, Mastigação, Deglutição e Respiração (González & Lopes, 2000).
Deste modo, é importante o trabalho conjunto entre Ortodontista e Terapeuta da Fala nas alterações das Funções do Sistema Estomatognático na medida em que o Ortodontista deverá ser o responsável pelo acompanhamento crânio-facil e pelas alterações oclusais (importante ter em conta as recidivas), sendo o Terapeuta da Fala o responsável pela Terapia Miofuncional, a qual permitirá a reeducação das estruturas orofaciais (forma) e, consequentemente, das Funções Estomatognáticas (função) (Amaral, Bacha, Ghersel & Rodrigues, 2006). Em tom de conclusão, pode referir-se que as funções trabalhadas na Terapia da Fala, como a Respiração, a Mastigação, a Deglutição e a Fala podem interferir com a arcada dentária. Em contrapartida, considera-se que as alterações estruturais da arcada dentária podem interferir no desempenho destas funções.
Tendo em conta tudo o que foi referido, torna-se fundamental uma relação entre dois especialistas de modo a subsistir um adequado equilíbrio entre forma e função, verificando-se resultados estéticos e funcionais harmónicos e estáveis.

Bibliografia consultada:
  • Czlusniak, G., Carvalho, F.. & Oliveira, J. (2008). Alterações de Motricidade Orofacial e presença de Hábitos Nocivos em crianças de 5 a 7 anos de idade: implicações para intervenções fonoaudiológicas em ambiente escolar. Revista UEPG, 14 (1), 29 - 39.
  • Amaral, E., Bacha, S., Ghersel, E. & Rodrigues, P. (2006). Inter-relação entre a Odontologia e a Fonoaudiologia na Motricidade Orofacial. Revista CEFAC, 8 (3), 337 – 351.
  • Marchesan, I. (2005). Fundamentos em Fonoaudiologia: Aspetos Clínicos da Motricidade Oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan
  • González, N. & Lopes, L. (2000). Fonoaudiologia e Ortopedia Maxilar na Reabilitação Orofacial. São Paulo. Livraria Santos Ed.
  • Proffit, W. (1995). Ortodontia Contemporânea. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
  • Douglas
  • Montezuma

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