quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Como se processa o desenvolvimento da Linguagem?

A Comunicação e a Linguagem são duas capacidades básicas no desenvolvimento e na aprendizagem da criança, na medida que permitem que exista uma participação ativa desta no contexto familiar, escolar e social.
Existem períodos cruciais no desenvolvimento da Linguagem, nos quais a criança consegue retirar maior proveito das experiências linguísticas que o meio lhe proporciona. Apesar de existirem etapas estipuladas para o desenvolvimento da Linguagem, o ritmo de desenvolvimento de cada criança pode diferir, sendo importante ter em conta as diferenças individuais de cada uma.



Será que o meu filho está a realizar as aquisições esperadas para a sua idade?
A Linguagem do seu Filho: Sinais de Alerta
2 a 3 Anos
Não reagir ao nome;
Não dizer as primeiras palavras;
Não cumprir ordens simples;
Não produzir frases de duas ou três palavras;
Não produzir ou trocar alguns dos sons <p>, <b>, <d>, <g>, <k>, <t>, <m>, <n> e <nh>.

A Linguagem do seu Filho: Sinais de Alerta
3 a 4 anos
Não compreender perguntas do tipo “Quem?”, “O quê?”, “Onde?”, “Como?” e “Porquê?”;
Não produzir frases de quatro ou mais palavras;
Não compreender nem produzir frases no passado ou no futuro;
Não produzir rimas;
Não produzir ou trocar alguns dos sons <p>, <b>, <d>, <g>, <k>, <t>, <m>, <n>, <nh>., <f>, <V>, <s>, <z>, <ch> e <j>.

A Linguagem do seu Filho: Sinais de Alerta
4 a 5 anos
Não contar uma história a partir de imagens;
Não compreender ordens em que é dada uma sequência temporal (“Primeiro vais tomar banho, depois vais-te vestir e por fim vais comer”);
Não compreender piadas;
Não produzir ou trocar alguns dos sons <p>, <b>, <d>, <g>, <k>, <t>, <m>, <n>, <nh>., <f>, <V>, <s>, <z>, <ch> , <j>, <lh>, <l> e <rr>.

A Linguagem do seu Filho: Sinais de Alerta
5 a 6 anos
Não compreender nem utilizar adjetivos (ex: feio), advérbios (ex: calmamente) ou preposições (ex: com, para);
Não utilizar frases específicas e detalhadas;
Não produzir ou trocar alguns dos sons <p>, <b>, <d>, <g>, <k>, <t>, <m>, <n>, <nh>., <f>, <V>, <s>, <z>, <ch> , <j>, <lh>, <l>, <rr> e <r>;
Não revelar vontade de aprender a ler e a escrever.


Qual o caminho para ajudar o seu filho no desenvolvimento da Linguagem?
De modo a otimizar o desenvolvimento da Linguagem do seu filho deixamos-lhe aqui algumas dicas. Contudo, caso surja alguma dúvida não hesite em contactar um Terapeuta da Fala!

Dicas para desenvolver a Linguagem:
Evite o uso de diminutivos, forneça palavras contextualizadas e antecipe verbalmente situações;
Promova a construção correta de frases, o sentido de organização e a noção de sequência;
Promova uma aprendizagem multifacetada (coconstruída), incentivar o espírito crítico, responsabilidade de grupo e autoconfiança;
Promova a sua expressão verbal oral;
Ouça atentamente a criança, dando-lhe o tempo necessário para que esta acabe de falar;
Promova a autoestima da criança, principalmente quando esta apresentar dificuldades em produzir uma palavra, incentivando-a a não desistir;
Dê nomes às pessoas e às coisas que a rodeiam;
Chame pelo seu nome;
Explique-lhe os sons que o rodeiam: em casa, na rua,…
Estabeleça e provoque trocas verbais e não verbais;
Use um vocabulário diversificado e adequado à sua idade;
Faça frases curtas, construídas corretamente;
Explique o significado das palavras quando ele não as percebe;
Não o imite com tom de gozo e não o obrigue a repetir, sistematicamente, de forma correta;
Promova a contagem de histórias e a descrição de atividades/imagens;
Dê reforços positivos de modo a aumentar a sua motivação;
Converse sobre assuntos do seu quotidiano e interesse.
Incentive o gosto pela leitura desde cedo através de lengalengas, histórias e fábulas, pois isto facilitará a aprendizagem da linguagem escrita.

. Crescer e Aprender a Linguagem é uma Aventura!
 Se detetar alguns destes Sinais de Alerta aconselhe-se com um Terapeuta da Fala!
 



quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Que relação existe entre Terapia da Fala e Ortodontia? Qual a importância de um trabalho conjunto entre estas duas Especialidades?


O principal objetivo do trabalho entre Terapeutas da Fala e Ortodontistas é a resolução de problemas do Sistema Estomatognático, o qual engloba um conjunto de estruturas orais que desenvolvem funções comuns, tendo a constante participação da mandíbula (Douglas, 2004). Este Sistema mostra-nos claramente a necessidade de um trabalho conjunto entre estes dois técnicos, dado que fazem parte dele dois grupos de estruturas: as estáticas/ passivas (dentes, maxila, mandíbula e ossos cranianos) e as dinâmicas/ ativas (músculos mastigatórios, supra e infra-hioideus, cervicais, faciais e linguais) que equilibradas e controladas serão responsáveis pelo funcionamento harmonioso da Face (Marchesan, 2005). As estruturas passivas serão responsáveis pela forma e as estruturas ativas serão responsáveis pela função, sendo que existe uma relação constante entre forma e função. Para relacionar a forma e a função é necessário existir um conhecimento prévio do crescimento, desenvolvimento e relação entre as estruturas do Sistema Estomatognático; da relação entre as diferentes estruturas e funções; e, relacionar as caraterísticas craniofaciais (oclusão, tipo de face) com o padrão muscular.



As Funções do Sistema Estomatognático são comportamentos realizados a partir das estruturas que compõem este sistema. Assim, uma alteração nestas estruturas pode conduzir a alterações ao nível da Deglutição, Respiração, Mastigação, Fala e Sucção (Marchesan, 2005). Por exemplo: os hábitos orais deletéricos/ nocivos (ex.: sucção digital/ labial/ lingual; uso prolongado de chupeta e/ou biberão; onicofagia; alimentação pastosa prolongada; bruxismo; briquismo) poderão influenciar negativamente o desenvolvimento da face, a forma das arcadas dentárias e conduzir, igualmente, a alterações na Fala, Mastigação, Deglutição e Respiração (González & Lopes, 2000).
Deste modo, é importante o trabalho conjunto entre Ortodontista e Terapeuta da Fala nas alterações das Funções do Sistema Estomatognático na medida em que o Ortodontista deverá ser o responsável pelo acompanhamento crânio-facil e pelas alterações oclusais (importante ter em conta as recidivas), sendo o Terapeuta da Fala o responsável pela Terapia Miofuncional, a qual permitirá a reeducação das estruturas orofaciais (forma) e, consequentemente, das Funções Estomatognáticas (função) (Amaral, Bacha, Ghersel & Rodrigues, 2006). Em tom de conclusão, pode referir-se que as funções trabalhadas na Terapia da Fala, como a Respiração, a Mastigação, a Deglutição e a Fala podem interferir com a arcada dentária. Em contrapartida, considera-se que as alterações estruturais da arcada dentária podem interferir no desempenho destas funções.
Tendo em conta tudo o que foi referido, torna-se fundamental uma relação entre dois especialistas de modo a subsistir um adequado equilíbrio entre forma e função, verificando-se resultados estéticos e funcionais harmónicos e estáveis.

Bibliografia consultada:
  • Czlusniak, G., Carvalho, F.. & Oliveira, J. (2008). Alterações de Motricidade Orofacial e presença de Hábitos Nocivos em crianças de 5 a 7 anos de idade: implicações para intervenções fonoaudiológicas em ambiente escolar. Revista UEPG, 14 (1), 29 - 39.
  • Amaral, E., Bacha, S., Ghersel, E. & Rodrigues, P. (2006). Inter-relação entre a Odontologia e a Fonoaudiologia na Motricidade Orofacial. Revista CEFAC, 8 (3), 337 – 351.
  • Marchesan, I. (2005). Fundamentos em Fonoaudiologia: Aspetos Clínicos da Motricidade Oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan
  • González, N. & Lopes, L. (2000). Fonoaudiologia e Ortopedia Maxilar na Reabilitação Orofacial. São Paulo. Livraria Santos Ed.
  • Proffit, W. (1995). Ortodontia Contemporânea. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
  • Douglas
  • Montezuma